terça-feira, 18 de agosto de 2009


ESSE CARA É MESMO UM MITO
Erasmo Firmino (TIO COLORAU)
www.tiocolorau.com.br

Na próxima sexta-feira, dia 21 de agosto, completar-se-á 20 anos da morte do gênio Raul Seixas, um misto de cantor e filósofo que influenciou, influencia e continuará por muitos anos influenciando gerações.
Não irei aqui trazer sua biografia, pois você a encontra facilmente no Google. Quero trazer minhas impressões sobre o poder fenomenal das canções do mago Raul Seixas.
Particularmente, fui “apresentado” a Raul Seixas aos 11 anos, por um rapaz chamado Xisto, que trabalhava na oficina do meu pai. Ele me deu duas fitas TDK com as músicas mais conhecidas de Raul Seixas. Apesar da minha pouca idade, fiz questão de ouvir aquele material. Gostei e ele me influenciou durante a adolescência e contribuiu muito para minha formação. Aos 12 anos, eu já estava ouvindo e gostando de Elvis, Led Zeppelin, Rush etc, mas isso não vem ao caso agora. Estamos falando sobre Raul Seixas.
Autor de mais de 140 músicas, distribuídas em 18 discos inéditos, Raul Seixas usava suas melodias para expressar suas ideias acerca do comportamento humano, para rebater as convenções sociais, para clamar por liberdade e para falar de religião e filosofia.
Suas músicas despertam as pessoas, que também passam a refletir sobre o assunto abordado e muitas vezes se pegam dizendo: “Poxa, é isso mesmo”, “Eu penso igual a esse cara”. E por ai vai.
Antes de Raul, o rock nacional era bobinho, não dizia nada, servia apenas para balançar os quadris. Era a época do “splish, splash foi um beijo que eu dei”, “era um biquíni de bolinha amarelinha”, “tomo um banho de lua / fico branca como a neve”. Ou seja, eram músicas animadas, mas que não traziam nada de reflexão em suas letras.
Raul Seixas mudou isso. No seu primeiro disco (Krig-ha, Bandolo!, de 1973) ele já chegou dando seu recado:

Eu sou a mosca que pousou em sua sopa
Eu sou a mosca que pintou pra lhe abusar
E não adianta vir me dedetizar
Pois nem o DDT pode assim me exterminar
Porque você mata uma e vem outra em meu lugar.
(MOSCA NA SOPA)

E disse mais:

Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo.
(METAMORFOSE AMBULANTE)

Joga as cartas, leia minha sorte
Tanto faz a vida como a morte
O pior de tudo eu já passei
Do passado eu me esqueci
No presente eu me perdi
Se chamarem, diga que eu saí
(AS MINAS DO REI SALOMÃO)


Eu devia estar contente
Por ter conseguido tudo o que eu quis
Mas confesso abestalhado
Que eu estou decepcionado
Porque foi tão fácil conseguir
E agora eu me pergunto: E daí?
Eu tenho uma porção de coisas grandes
Pra conquistar, e eu não posso ficar aí parado
(OURO DE TOLO)

Os trechos acima, de 4 das 11 músicas do primeiro disco, mostram o diferencial deste baiano que odiava os velhos e novos baianos. Raul Seixas era do contra. Caso fosse se apresentar para um público da MPB, cantava rock, caso fosse se apresentar para roqueiros, cantava suas melodias mais regionais. Sua intenção era acabar com os rótulos e convenções.
Os seus 18 discos são verdadeiras pérolas estudadas em universidades do mundo todo. Mais do que simples melodias, suas músicas trazem pensamentos filosóficos e religiosos.
O conceito que Raul Seixas tinha de Deus, por exemplo, é constantemente citado por professores e estudiosos: “Deus é aquilo que me falta para eu compreender o que eu não compreendo”. Quer algo mais filosófico que isso.
Essas e outras estão espalhadas por sua obra. Visite-a.

2 comentários:

  1. opa cara,tudo jóia?
    rapaz se lhe fosse possivel gostaria desaber informações sobre o horario dos trens durante a ida ,ouvi boatos que há um ao meio-dia mas boatos em geral não são concretos .
    abraço

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  2. Olá o/

    Evento cadastrado na last.fm, ok?
    http://www.lastfm.com.br/event/1186922+Dr.+Paxeco+at+Centro+Esportivo+e+Cultural+on+22+August+2009

    Bom tributo a todos nós \o/
    E viva o Raul ^^

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